Não é de hoje que sindicatos levantam a bandeira da revisão salarial. É assim em todo e qualquer governo. Em um recorte local, pegando apenas as gestões mais recentes, os prefeitos Valdeci Oliveira (PT) e Cezar Schirmer (MDB) tiveram de lidar com esses pleitos. Reivindicações, bom que se diga, legítimas. O Sindicato dos Professores de Santa Maria (Sinprosm) quer se reunir com o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) para tratar de reposição salarial da categoria. Mas o fato é que esse tipo de pleito, em um município com as finanças combalidas, é injustificável e uma demonstração de desconhecimento da realidade do próprio município.
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Quem não queria que os professores tivessem salários condizentes com o que trabalham? Os educadores deveriam ter o mesmo tratamento que alguns profissionais, que sem exagero, trabalham na área da saúde, uma média de 4 horas por dia, e que acham que ganham pouco... Mas entre o real e o ideal há uma diferença abismal.
O maior salário, aliás, dentro do funcionalismo público deveria ser o do educador. Afinal, é ele que, sem exagero algum, exerce o papel da família e age no vácuo do Estado ao estar na linha de frente lidando, não raro, com casos de alunos que os agridem. Sem dizer de escolas precarizadas e que carecem de todo o tipo de estrutura. Situação, aliás, que é a mesma daqui.
Mas o fato é que os tempos mudaram. E, como não poderia ser diferente, para pior. A recessão atingiu em cheio o Brasil nos últimos anos e, em especial, de 2014 para cá.
Não se tolera mais comportamento de políticos que, no passado, saíam distribuindo revisões salariais sem qualquer compromisso fiscal. E que deixavam, para os sucessores, a ingrata tarefa de honrar o compromisso pactuado lá atrás.
Ou seja, um prefeito deve, antes de tudo, ser gestor e não pode se valer da bula da velha política. Digo isso para falar o que é do conhecimento de todos: os cofres estão raspados - seja no município, Estado ou União.
Prova maior é o Executivo gaúcho que, há cinco anos, jogou os servidores no vale do parcelamento. Vencimentos, que já são baixos, mas que são diluídos a conta-gotas. Um drama que, felizmente, Santa Maria não tem junto ao funcionalismo municipal.
Não é crível que se ache que há dinheiro para sair distribuindo a todos. O pleito é, mais uma vez, legítimo e justo.
Mas está mais do que na hora de se ver o óbvio: o maior aumento real, para quem é servidor público, é ter o salário depositado religiosamente em dia todo mês.